Você já ouviu falar em substâncias húmicas? Já viu produtos contém ácidos húmicos e fúlvicos na composição? Quando estudamos o processo de decomposição, é comum ouvir estes termos. Mas o que de fato são essas substâncias? Quais os benefícios delas para a agricultura? No artigo de hoje falaremos sobre esse assunto. Continue sua leitura e tire suas dúvidas.
São compostos orgânicos oriundos da decomposição de resíduos vegetais e animais do ambiente, que podem ser utilizados como insumos alternativos para o manejo de diversas culturas.
São utilizadas na agricultura como insumo podendo garantir um incremento na produtividade em decorrência dos benefícios que promovem para a estrutura física e química do solo e para o metabolismo da planta.
As substâncias húmicas são compostas de 4 partes: ácidos húmicos, ácidos fúlvicos, huminas e ácidos himatomelânicos. Cada parte possui suas características próprias, como descreveremos a seguir:
1 – Ácidos húmicos
2 – Ácidos fúlvicos
3 – Huminas
4 – Ácidos himatomelânicos
Os ácidos húmicos e fúlvicos são os compostos mais importantes das substâncias húmicas, com relação à reatividade e ocorrência nos ecossistemas. Por isso são os mais comumente falados quando se fala nesse assunto.
Os ácidos húmicos e fúlvicos possuem algumas diferenças importantes. Os ácidos húmicos são moléculas mais complexas, menos solúveis em água e coloração mais escura. Já os ácidos fúlvicos são moléculas menores e menos complexas, mais solúveis e coloração mais clara.
Quando pensamos nos benefícios das substâncias húmicas, podemos pensar sob duas óticas. Primeiramente, sobre o que essas substâncias promovem na fisiologia da planta. E depois, os benefícios que isso desencadeia no desenvolvimento da planta.
Do ponto de vista fisiológico, podemos destacar os seguintes benefícios:
Do ponto de vista do desenvolvimento da planta, podemos destacar:
Vários são os trabalhos desenvolvidos em diversas culturas analisando a resposta do uso de substâncias húmicas. No livro “Condicionadores de solo: ácidos húmicos e fúlvicos”, que usamos como base para redigir esse material, os autores trouxeram vários exemplos destes resultados. Alguns deles serão apresentados a seguir.
Trabalhos realizados com a cana-de-açúcar mostram grande eficiência de ácidos húmicos e fúlvicos na produtividade, visto que as substâncias promovem maior desenvolvimento vegetativo, proporcionado por um sistema radicular mais vigoroso e amplo, e consequentemente maior exploração do volume do solo.
Além disso, observou-se também o aumento da produtividade, do açúcar total recuperável (ATR) por unidade de área e maior diâmetro e peso dos colmos em relação ao tratamento controle (BEAUCLAIR et al., 2010). Estes mesmos autores ainda relatam que as parcelas que receberam os condicionadores de solo tiveram menos sintomas dos efeitos da estiagem, quando comparados com parcelas que não receberam o insumo.
Quanto à soja, Bowden et al., (2010) verificaram efeitos positivos quando manejada em solos orgânicos constituídos de substâncias húmicas. Os resultados demonstraram aumento da produtividade (9-21%), do teor de proteínas (4-9%) e do peso das sementes (5-14%), devido, em especial, ao melhor uso da água e dos nutrientes disponíveis no solo.
Na cultura do tomate, existem estudos que comprovam o aumento da firmeza dos frutos com aplicações pós transplantio de substâncias húmicas junto com substratos (PIRES et al., 2007). Neste estudo, os autores observaram interferência do substrato na ação do composto húmico.
Segundo Yildirim (2007), o uso de ácidos húmicos (20 mL L-1) via foliar, na cultura do tomate, em cultivo protegido, resultou em incremento na produtividade, já que ocorreu aumento no tamanho das folhas e, por consequência, aumento do número de frutos por planta, maior diâmetro e peso dos frutos.
Como vimos nestas diversas culturas, as substâncias húmicas têm potencial para uso agrícola, pois estimulam respostas equivalentes aos hormônios vegetais como auxina, giberelina e citocinina. Por isso, a escolha e aplicação destas substâncias devem ser analisadas caso a caso de maneira criteriosa, junto a um profissional responsável, entendendo a demanda da sua lavoura para definir o melhor posicionamento.
E apesar da diferença da composição e estrutura entre ácidos húmicos e fúlvicos, a atuação deles na planta e os benefícios são semelhantes. Os estudos devem ser mais aprofundados para entender a diferença e especificidade de cada uma das partes da substância húmica.
CARON, V.C.; GRAÇAS, J.P.; CASTRO, P.R.C. Condicionadores do solo: ácidos húmicos e fúlvicos. Piracicaba: ESALQ – Divisão de Biblioteca, 2015. 46 p. (Série Produtor Rural, nº 58)