O Brasil é o maior produtor e exportador de cana-de-açúcar. Segundo levantamento da Conab, na safra 2023/2024 o Brasil produziu 713,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Um recorde histórico. Os dados também apresentaram aumento na produtividade média em muitas regiões.
Tudo isso é resultado de uma crescente nos investimentos no setor. São novas tecnologias que chegam ao campo para contribuir com a produção. E são também ajustes em vários aspectos do manejo que fazem com que a produção de cana-de-açúcar suba de patamar. E o que a adubação foliar tem a ver com isso? Continue sua leitura e entenda.
A adubação foliar pode ser utilizada como estratégia de adubação complementar, fornecimento de micronutrientes para a cultura, mitigação de estresses, favorecimento de processos fisiológicos, entre outras.
Com a cana-de-açúcar não é diferente. O equilíbrio nutricional, a mitigação de estresses abióticos e o acúmulo de sacarose pode ser favorecido pela aplicação de fertilizantes foliares.
Sabemos que a principal forma de adubação das culturas é via solo. Afinal, as raízes são as responsáveis por absorver a água e os nutrientes. Portanto, a adubação foliar vem então como complemento. E com a evolução das técnicas adotadas na agricultura, essa adubação passa a ser também adotada como uma estratégia de manejo para maximizar a produtividade dos canaviais, por exemplo.
Então, a adubação foliar passa a ser adotada para favorecer processos fisiológicos e potencializar a produtividade. No caso da cana, isso pode significar ganho tanto em toneladas de colmo como em teor de sacarose.
De acordo com Crusciol (2022), hoje, no Brasil, os manejos de adubação foliar mais adotados na cana-de-açúcar tem os seguintes objetivos:
Essa estratégia tem o objetivo de fornecer pequenas quantidades do nutriente de acordo com a época de maior demanda da planta. Nesse caso, ao longo do ciclo da cultura, são fornecidos nutrientes via folha a fim de atender a demanda em momentos específicos, como na fase de crescimento vegetativo e também na fase final de acúmulo de sacarose, por exemplo.
Essa estratégia é adotada principalmente para mitigar o estresse causado pelo déficit hídrico. Nesse caso, podemos adotar aminoácidos e/ou hormônios em conjunto com os nutrientes. Essa aplicação pode ser feita antecipadamente aos períodos quando comumente acontecem grandes estiagens. Ou após as primeiras chuvas, para auxiliar na recuperação das plantas. Muito importante estar atento às condições da planta. Jamais aplicar adubo foliar na planta estressada!
Essa estratégia costuma ser utilizada em áreas onde identificamos desequilíbrios nutricionais no solo ou nas folhas, por meio das análises. É provável que esse desequilíbrio aconteça em áreas com grande aplicação de vinhaça, por exemplo. Nessas áreas, normalmente, há o excesso de potássio no solo e é preciso contar com a adubação foliar para ajudar a corrigir o teor de magnésio que é um nutriente que compete diretamente com o potássio na rota de absorção.
Podemos dividir as aplicações dos nutrientes via foliar na cana em três épocas:
– Adubação foliar no período vegetativo: N: 5 kg ha-1; Mo: 50 g ha-1;Cu: 50 g ha-1 ; Mn: 300 g ha-1; Zn: 300 g ha-1 e B: 160 g ha-1.
– Adubação foliar para pré-maturação: P2O5: 300 g ha-1; K2O: 300 g ha-1; Mg: 500 g ha-1 e B: 160 g ha-1;
– Adubação foliar junto com maturador: B: 150 g ha-1 e Mg: 200 g ha-1.
Por tudo isso que discutimos, nota-se que a adubação foliar é uma excelente estratégia para quem busca investir de forma inteligente no seu canavial. Para isso, é preciso conhecer o solo das suas áreas e também, a variedade, o ciclo e a demanda das suas plantas. Lembre-se: o diagnóstico correto é importante para recomendarmos o produto certo, na dose certa e na hora certa. E isso é crucial para altos patamares de produtividade.
Texto: Marluce Corrêa Ribeiro e Matheus Araújo
Fonte: Agroadvance e Otto.