A safra 23/24 já está começando. E uma operação imprescindível para começar a safra do jeito certo é a dessecação pré-plantio. É nessa operação que o produtor elimina as plantas daninhas presentes na área e garante o plantio “limpo”.
É sempre bom lembrar que as plantas daninhas competem com a cultura principal por água, luz e nutrientes, e causam prejuízos desde a emergência, é a chamada matocompetição. Por isso, é importante controlar estas plantas antes da semeadura para que a plântula da soja possa emergir sem essa competição já no início do ciclo.
Mas você sabe quais cuidados e boas práticas são necessárias para garantir a eficiência desta operação? Continue sua leitura e veja os pontos que destacamos a seguir.
A dessecação pré-plantio não pode ser realizada nem tão cedo e nem tão tarde. Se ela for realizada cedo demais, poderá haver a chegada de um novo fluxo de plantas daninhas e o produtor não terá resolvido o problema. Já se ela for realizada tarde demais, muito próximo do plantio, pode haver problemas com efeito residual do herbicida para a soja, caso o herbicida utilizado apresente residual para a cultura. Por isso, atenção ao momento ideal da dessecação em cada talhão. Planeje suas operações!
Para uma maior eficiência no controle, a planta daninha precisa estar pequena. Plantas muito grandes, além de dificultar o controle, podem impedir a aplicação homogênea da calda comprometendo a chegada do produto às outras plantas. Portanto, o manejo destas plantas ainda na entressafra é muito importante, para que elas não cresçam descontroladamente e dificulte ou impossibilite esse controle no pré-plantio.
Além disso, é preciso conhecer quais espécies de plantas estão presentes na área e qual sua densidade populacional, pois tudo isso interfere na escolha do herbicida a ser utilizado. Plantas de difícil controle e com resistência a algumas moléculas demandam estratégias diferentes para um manejo eficiente. Por isso, analise caso a caso. Não existe receita mágica! A realidade do talhão do vizinho pode não ser a sua. Consulte sempre um profissional capacitado para te auxiliar nesta identificação e recomendação.
Outro cuidado importante é observar a condição em que está a planta daninha, pois plantas “estressadas” em função de altas temperaturas, por exemplo, não absorvem bem o herbicida. Garanta que a planta daninha esteja com boas condições para absorção do produto.
Temperatura, umidade do ar e vento são condições que influenciam na eficiência ou não da dessecação. Horários muito quentes e secos ou com muito vento irão prejudicar a chegada da gota no alvo e também a absorção pela planta. Portanto, não desperdice o dinheiro investido nos produtos em uma aplicação mal feita.
Falando em produto, além do herbicida é importante que o produtor invista em bons adjuvantes. O herbicida tem melhor performance em pH mais ácido (entre 3 à 5). Portanto, invista em um bom redutor de pH. Outro fator importante para reduzir as perdas é a utilização de um antideriva que contribua para que o produto chegue ao alvo. Portanto, um bom adjuvante contribui para que o seu herbicida chegue até a planta e possa cumprir o seu papel de controle, reduzindo perdas e prejuízos.
Além do herbicida, muitos produtores têm aproveitado a operação da dessecação pré-plantio para adicionar o Boro no sistema, visto que o elemento é um dos principais fatores que limitam a produtividade em solos brasileiros. Para isso, é importante que o produtor esteja atento quanto a escolha da fonte de B, pois é necessário fontes solúveis e que não aumentem o pH da calda para valores acima de 5. Dentre as fontes mais usuais, recomendam-se o ácido bórico e boro MEA, estes, são aplicados em média na dose de 500 g/ha e 1-2 litros/ha, respectivamente. Esta prática vem ganhando destaque, pois nesta fase o Boro é importante no crescimento do sistema radicular, garantindo maior arranque inicial das plantas.
Todas estas boas práticas citadas garantem a eficiência da dessecação que por si só apresenta diversos benefícios. Entre eles podemos destacar:
1 – Facilidade no momento da semeadura;
2 – Melhor arranque inicial da cultura principal;
3 – Redução da matocompetição no início do ciclo da cultura;
4 – Quebra de ciclo de pragas que possam estar sobrevivendo naquelas plantas daninhas;
5 – Maior facilidade de controle das daninhas na pós-emergência da cultura principal.
Tudo isso justifica a operação de dessecação pré-plantio e mostra o porquê de ser uma operação tão importante para o desenvolvimento de uma safra de sucesso!
Texto: Marluce Corrêa Ribeiro – Jornalista e Engª Agrônoma